sábado, 28 de maio de 2011


33.ª semana ~ de 30 de Maio a 3 de Junho




Margarida Catela ~11.º ano ~turma - n

no trabalho "A Questão Social" em Cesário Verde




  • Dizem 'o meu poema':
  • 2.ª feira, dia 30 de Maio - Daniela Campos, Luís Silva, Marta Ribeiro, Sara Lucas, Sebastião Castro, Tatiana Carvalho





sexta-feira, 20 de maio de 2011


32.ª semana ~ de 23 a 27 de Maio





Carlos Botelho,Lisboa e o Tejo, Domingo, 1935






O SENTIMENTO DE UM OCIDENTAL

I

AVE-MARIAS


  • Cláudia Falley




  • João Villas Boas




  • Maria Inês






  • Do programa da rtp2, "Um poema por semana" de Paula Moura Pinheiro



***




Degas, Repasseuses, 1884-1886



  • Dizem 'o meu poema':

  • 2.ª feira, dia 23 - Duarte Lima, Filipa Rivera, João Sobral e Laura Oliveira.

  • 3.ª feira, dia 24 - Bruna Gonçalves, Duarte Alves, Mafalda Gonçalves, Margarida Catela, Sara Ruano






 Almada Negreiros, A Engomadeira,1938





Degas, Engomadeira sobre Toalha, 1869




Picasso, Mulher a Passar a Ferro, 1904




quarta-feira, 18 de maio de 2011


31.ª semana ~ de 16 a 20 de Maio






Degas, Mary Cassat no Louvre




  • Cesário Verde:
  • "A débil"




***

Em ‘A Débil’, o narrador parece ter já sucumbido completamente à influência corruptora da cidade. Quando ‘ela’ surge, está sentado num ‘café devasso’, bebendo absinto, como qualquer decadentista bem integrado na vida da cidade. Mas a visão da inocente ‘débil’ faz com que reconheça a cedência moral à moderna ‘Babel’ em que tinha caído. A mera presença dela recorda-lhe até que ponto se esquecera de si mesmo; ela é como um mensageiro do ‘outro mundo’ de valores opostos aos valores corruptos da cidade. […]

Ele é feio; ela é bela; ele é sólido; ela é frágil. Ele é leal; ela é assustada. A surpreendente justaposição de ‘leal’ com ‘assustada’ obriga a que a palavra ‘sólido’ seja entendida simultaneamente no seu sentido literal e figurativo. E é a ‘solidez’ moral do narrador (apesar da sua pose satanista) que permite que ele sinta ‘lealdade’ pela frágil beleza da ‘débil’. Essa beleza representa uma condição oposta àquilo que a sua possuidora naturalmente teme e que é explicitamente relacionado com a sua presença na cidade (‘fraca e loura, / Nesta Babel…), de cujo efeito corruptor (‘… Babel tão velha e corruptora…’) – a antítese da existência honesta, de cristal’ que ela faz desejar – o narrador tem o impulso de defendê-la com o seu braço protector.

Helder Macedo, in Nós: Uma Leitura de Cesário Verde.

Lisboa, Plátano Editora, 1975






Degas,l'Absinthe, 1884


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Bonnard, Antes do jantar, 1924




  • "Num bairro moderno"


Em ‘Num Bairro Moderno’ até o título nos convida logo a uma adesão a determinada realidade concreta. «Ruas macadamizadas», «casas apalaçadas», forradas interiormente de «papéis pintados». A mancha de uma Lisboa burguesa a impor-se aos velhos quarteirões – aos pombalinos, aos das ruelas estreitas e escuras. Perante ela, como reage a consciência poética de Cesário? Reacção inesperada, que é, bem mais do que um puro efeito literário, um mero exercício de retórica: o bairro passa a segundo plano, destaca-se dele a vendedeira. […]

E do retalho de horta, como que por artes mágicas, o campo instala-se em plena cidade. Melancias, repolhos, azeitonas, nabos, cachos de uvas, melões, ginjas, tomates, cenouras, alfaces, hortelã dir-se-ia que se humanizam na visão transfiguradora do poeta.

Joel Serrão, in Interpretação, Poesias Dispersas e Cartas Coligidas e Anotadas. Lisboa, Editorial Minerva, 1942


**

A visão plástica é a qualidade predominante na organização lírica de Cesário, que, no seu especial poder de associar imagens visuais, consegue arrancar poesia do que há de mais trivial e menos poético […]

Miranda de Andrade, Sobre o Lirismo de Cesário Verde,

in Ocidente, Maio, 1955

**

Poeta da cidade, um dos maiores em qualquer tempo e em qualquer língua, por isso mesmo que genuíno, original, profundamente renovador, quer ao descrever os quadros e os tipos citadinos, quer ao denunciar, em sóbrias palavras, as atitudes subjectivas provocadas pela vida exterior.

Jacinto do Prado Coelho, Problemática da História Literária, Lisboa, 1962





Arcimboldo - O Verão - O Outono(1573)




sexta-feira, 13 de maio de 2011


30.ª semana ~ de 9 a 13 de Maio





Klimt, 1909



  • "Deslumbramentos" - Cesário Verde.


Em Cesário Verde são frequentes os poemas dedicados a figuras femininas, englobáveis no ciclo da grande dama ou da dama fatal, cuja carga erótica se propaga ao sujeito, provocando-lhe um irreprimível fascínio por esse género de mulheres frias, impassíveis e distantes, geralmente aristocratas, cuja beleza glacial atrai magneticamente e cujo coração feito de diamante o poeta não desiste de tentar derreter.
Fernando Pinto do Amaral, prefácio a Poesia de Cesário Verde.




**** consultar "Cesário Verde"



Henrique Pousão, Mulher da água, 1882





Degas, L´étoile - la danseuse sur la scène, 1878 ~ aqui





segunda-feira, 2 de maio de 2011


29.ª semana ~ de 2 a 6 de Maio






Manet, Déjeuner sur l'herbe ~ aqui



A analogia entre o poema e uma aguarela é totalmente justificada. “De Tarde” é um quadro impressionista transposto em palavras – um “Déjeuner sur l’herbe” – que especificamente se dirige à imaginação visual do leitor: no primeiro plano, o vermelho intenso das papoulas que emergem de um decolleté rendilhado contrasta, em cor e textura, com as “duas rolas” brancas dos seios de uma rapariga que sobressai de entre os pequenos grupos que merendam, sentados em volta de dourados melões, damascos, um bolo, uma garrafa de vinho doce:

Pouco depois, em cima duns penhascos,

Nós acampámos, inda o Sol se via;

E houve talhadas de melão, damascos,

E pão-de-ló molhado em malvasia.

No fundo, os “burricos” pardos, o azul surpreendente de um campo, e o sol vermelho do fim da tarde.

Os pormenores da composição podem variar na imaginação individual de cada leitor, mas o seu ponto dominante tem inevitavelmente de ser o “ramalhete rubro das papoulas”:

Mas, todo púrpuro a sair da renda

Dos teus dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro das papoulas!

Helder Macedo, in Nós: Uma Leitura de Cesário Verde, Lisboa, Plátano Editora, 1975





Ana Teresa ~ 11.º ano ~ turma-n

[…] uma merenda ao pôr do sol com “…talhadas de melão, damascos / E pão-de-ló molhado em malvasia”. Pouco antes da merenda uma rapariga, que imaginamos loira, pois era de loiras que Cesário gostava, descendo do inevitável “burrico” – dizemos inevitável por os jumentos constituírem nessa época um atributo tão essencial nos pic-nics como no século XVIII os carneiros nas festas campestres – vai colher

A um granzoal azul de grão-de-bico

Um ramalhete rubro de papoulas.

E, com ele entalado nas rendas do seio, acampa depois “em cima duns penhascos” onde há doces, frutas e garrafas de vinho fino… É tudo. Mas este pouco basta. A fugitiva impressão, o quadrinho apenas esquissado, com as suas flores campestres, a sua paleta azul e vermelha, a sua sugestão de seios femininos dão-nos, na verdade, uma sensação de sensualidade repousada e feliz. Estamos, não há dúvida, perante um Renoir – e dos autênticos.

João Pinto Figueiredo, in Cesário Verde – A obra e o Homem, Lisboa, Arcádia, 1981



**** voluntário(s), há? - para fazer a leitura de:



Pál Szinyei Merse, Piquenique, 1873



Picasso, Le déjeuner sur l’herbe – “O almoço sobre a relva”
(d’après Edouard Manet), 1960 ~aqui