sexta-feira, 29 de outubro de 2010


7.ª semana ~ de 25 a 29 de Outubro





cpfeio, Padre António Vieira, estudo para acrílico. 2009





  • Sermão de Santo António aos Peixes - ficha de trabalho do manual.

  • Texto argumentativo - tópicos linguísticos.



O amor fino não busca causa nem fruto. Se amo, porque me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: e amor fino não há de ter porquê nem para quê. Se amo, porque me amam, é obrigação, faço o que devo: se amo, para que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois como há de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo; amo, ut amem: amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam é agradecido, quem ama, para que o amem, é interesseiro: quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, só esse é fino.

Padre António Vieira, Sermão do Mandato




terça-feira, 19 de outubro de 2010


6.ª semana ~ de 18 a 22 de Outubro




  • Exórdio.
  • Conceito predicável - Vos estis sal terrae.










  • Vieira - cronologia - aqui.




Painel de azulejos na Igreja da Lourinhã





Se não erramos muito, nunca se escreveu um português mais claro, mais próprio, mais natural, de maior fluência, de mais vivo ritmo, que o da obra oratória do padre Vieira. Ao invés daquilo que se tem afirmado, o que há de excêntrico nos seus sermões não reside na forma literária deles, mas no pensamento – ou, antes, na maneira de provar e de argumentar (e excêntrico sim para o nosso tempo, não para o tempo em que viveu o autor e para aquelas sociedades em que se fez ouvir). Como dissemos algures, para denotar o artifício da literatura ibérica nesse século de Seiscentos em que ele viveu não encontramos melhor termo do que o de barroquismo. Ora, pode-se ser barroco por dois modos diversos, os quais se acompanham na maior parte dos casos, mas não sempre: o cultismo e o conceptismo, sendo o cultismo um artifício de forma, ao passo que o conceptismo o é de conteúdo. Deriva o cultismo do relevo da linguagem ou dos factores pictóricos e dos musicais; o conceptismo, pelo contrário, consiste na busca das relações fictícias, de vínculos artificiais entre as ideias das coisas – vínculos arbitrários para o pensamento lógico, mas não arbitrários para o «agudo engenho». Analisado, resolve-se o cultismo nos factores seguintes: extravagância da linguagem (exagero nas riquezas de vocabulário, nos boleios arrevesados, nas inversões de palavras); superabundância de descrição alegórica; excessos nas metáforas, nas antíteses, nas hipérboles; jogos verbais (calemburgos, trocadilhos, duplos sentidos, semelhanças de sons); e o conceptismo, por seu lado, consiste em artifícios de ideação, na busca de extravagâncias de pensamento. Ora, é fácil verificar que em António Vieira não há verdadeiramente linguagem «culta», pois usa uma elocução de simplicidade diáfana, de propriedade rigorosa, de naturalidade suma: há sim conceptismo e conceptismo só.

António Sérgio, in Prefácio de

Sobre as Verdadeiras e Falsas Riquezas, de António Vieira.

Textos Literários, Seara Nova





sexta-feira, 15 de outubro de 2010


5.ª semana ~ de 11 a 15 de Outubro




  • Padre António Vieira.
  • Sermão de Santo António aos Peixes.


Portinari, Padre António Vieira

Imagem - aqui





A ter que escolher, para leitura única, […], escolheria Vieira sem necessidade de meditar.

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego por Bernardo Soares, Vol. I, Ática, Lisboa, 1982



sexta-feira, 8 de outubro de 2010