sábado, 16 de março de 2013


Em Pausa Pascal_antecipar O Conto





Zé Manel _na Galeria Lino António _ E.A. António Arroio _2006




Fiz um conto para me embalar

Fiz com as fadas uma aliança.
A deste conto nunca contar.
Mas como ainda sou criança
Quero a mim própria embalar.

Estavam na praia três donzelas
Como três laranjas num pomar.
Nenhuma sabia para qual delas
Cantava o príncipe do mar.

Rosas fatais, as três donzelas
A mão de espuma as desfolhou.
Nenhuma soube para qual delas
O príncipe do mar cantou.

Natália Correia


sábado, 9 de março de 2013


24ª. semana ~ de 11 a 15 de março




Bird and Loquat - chinese Gongbi painting

- aqui -



  • Entrega dos testes e dos trabalhos.
  • 2.º período - reflexão.
  • Avaliação.



RIFÃO QUOTIDIANO

Uma nêspera 
estava na cama 
deitada 
muito calada 
a ver 
o que acontecia
chegou a Velha 
e disse 
olha uma nêspera 
e zás comeu-a
é o que acontece 
às nêsperas 
que ficam deitadas 
caladas 
a esperar 
o que acontece 
 
Mário Henrique-Leiria
1. Ditado popular e conceituoso.

2. Provérbio; anexim; adágio.
Plural: rifões.

Mário Viegas



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“Caminante no hay camino,
se hace camino al andar…”
Antonio Machado, de “Cantares”

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sábado, 2 de março de 2013


23ª. semana ~ de 4 a 8 de março




Vincent van Gogh, Branches with Almond Blossom, 1890

- aqui -



  • Teste sumativo.


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Que significa Camões para o leitor comum de hoje? Será que no futuro se lerá ainda Camões por gosto, por curiosidade, e não apenas por obrigação escolar?
[…]
Como diz Roland Barthes, «enquanto a obra for uma armadilha amorosa, podemos esperar que a leitura perdurará.». É precisamente sob o prisma da armadilha amorosa que proponho uma releitura da lírica camoniana, na esperança de que a consciência dessa sedução ajude os jovens a encontrar na leitura de Camões um acto de prazer e não apenas de dever.
Clara Rocha, A Poesia Lírica de Camões, Uma Estética da Sedução



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Tanto silêncio

Para cá de mim e para lá de mim, antes e depois.
E entre mim eu, isto é, palavras,
Formas indecisas
Procurando um eixo que
Lhes dê peso, um sentido capaz de conter
A sua inocência,
Uma voz (uma palavra) a que se prender
Antes de se despedaçarem
Contra tanto silêncio.
São elas, as tuas palavras, quem diz “eu”;
Se tiveres ouvidos suficientemente privados
Podes escutar o teu coração
Pulsando sob a palavra da tua existência,
Entre o para cá de ti e o para lá de ti.
Tu és aquilo que as tuas palavras ouvem,
Ouves o teu coração (as tuas palavras “o teu coração”)?

Manuel António Pina, in Livro Primeiro
- aqui-