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- Manual - pp. 127 - 133
** epístola -aqui_ mais
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“Se procurar amparo na Natureza, no que é nela
tão simples e pequeno que quase não se vê mas que inesperadamente pode
tornar-se grande e incomensurável; se alimentar esse amor pelo mais ínfimo e se
tentar, humilde como um criado, ganhar a confiança do que parece pobre, tudo
será para si mais fácil, mais coeso e de algum modo mais conciliador, talvez
não no intelecto, que recua atónito, mas no mais íntimo da sua consciência, do
seu conhecimento e atenção.
Você é tão jovem
ainda, está diante de todos os inícios, e por isso gostaria de lhe pedir, caro
Senhor, que tenha paciência quanto a tudo o que está ainda por resolver no seu
coração e que tente amar as próprias perguntas como se fossem salas fechadas ou
livros escritos numa língua muito diferente das que conhecemos. Não procure
agora respostas que não lhe podem ser dadas porque ainda não as pode viver. E
tudo tem de ser vivido. Viva agora as perguntas. Aos poucos, sem o notar,
talvez dê por si um dia, num futuro distante, a viver dentro da resposta.
Talvez traga em si a possibilidade de criar e de dar forma e talvez venha a
senti-la como uma forma de vida particularmente pura e bem-aventurada; é esse o
rumo que deverá tomar a sua educação; mas aceite o que está por vir com grande
confiança, e se ele surgir apenas da sua vontade, de uma qualquer necessidade
interior, deixe-o entrar dentro de si e não odeie nada.”
Rainer Maria Rilke, Cartas a um Jovem Poeta, Carta Quatro, “Worpswede, junto a Bremen”, 16 de Julho de 1903.
Aqui: http://dererummundi.blogspot.pt/2013/10/das-cartas-um-jovem-poeta-de-rilke.html
(consultado em 27.10.2013]
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Alexandra Ramos, n.º 1, deu-nos a conhecer:
Autobiografia
Estive convosco em muitas palavras.
Algumas levaram-me ainda mais perto.
Com outras fiquei apenas mais só.
De muitas não vi que rosto as guardava.
Por outras me dei a quem não pedia.
Onde foram mentira alguém me faltava.
Mas todas cumpri por quem me cumpria.
E passaram ardendo em novos combates,
cobriram silêncios, provaram mistérios,
fizeram amigos que nunca terei.
Por serem verdade me trazem aqui.
E quando as sonhais na vossa esperança,
Um irmão me procura por entre as cidades
com todos os rostos que perdi.
Vítor Matos e Sá, in Esparsas