Vincent van Gogh, Branches
with Almond Blossom, 1890
- aqui -
|
- Teste sumativo.
<><><><>
Que significa Camões para o leitor comum de hoje? Será que no
futuro se lerá ainda Camões por gosto, por curiosidade, e não apenas por
obrigação escolar?
[…]
Como diz Roland Barthes, «enquanto a obra for uma armadilha
amorosa, podemos esperar que a leitura perdurará.». É precisamente sob o prisma
da armadilha amorosa que proponho uma releitura da lírica camoniana, na
esperança de que a consciência dessa sedução ajude os jovens a encontrar na
leitura de Camões um acto de prazer e não apenas de dever.
Clara Rocha, A Poesia
Lírica de Camões, Uma Estética da Sedução
<><><><>
Tanto silêncio
Para cá de mim e para lá de mim, antes e depois.
E entre mim eu, isto é, palavras,
Formas indecisas
Procurando um eixo que
Lhes dê peso, um sentido capaz de conter
A sua inocência,
Uma voz (uma palavra) a que se prender
Antes de se despedaçarem
Contra tanto silêncio.
São elas, as tuas palavras, quem diz “eu”;
Se tiveres ouvidos suficientemente privados
Podes escutar o teu coração
Pulsando sob a palavra da tua existência,
Entre o para cá de ti e o para lá de ti.
Tu és aquilo que as tuas palavras ouvem,
Ouves o teu coração (as tuas palavras “o teu coração”)?
Manuel António Pina, in Livro Primeiro
- aqui-
Sem comentários:
Enviar um comentário